Publicada em 27/09/2011 às 10h52m
Isabel Kopschitz (isabel.kopschitz@oglobo.com.br)
RIO - Monitorar as redes sociais, pensando estratégias e executando ações para divulgar produtos e serviços, pesquisar o público-alvo e novas vertentes para o negócio e, claro, responder a questões específicas de internautas, especialmente quando são críticas à empresa. Essas são as funções básicas de um analista de mídias sociais, profissional cada vez mais requisitado por companhias de todas as áreas de atuação, que apostam na velocidade da web e na expansão das redes sociais para alavancar seus ganhos.
O mercado é promissor, segundo especialistas. Tanto é que grande parte das companhias - mesmo médias e pequenas - já mantêm departamentos específicos neste setor. Pesquisa recente da Deloitte no Brasil apurou que as áreas que comandam ações de mídias sociais nas empresas são marketing (em 73% dos casos), tecnologia da informação (16%) e vendas (13%). Outro dado do mercado é que as 100 maiores empresas do mundo (pelo ranking da revista Forbes) têm um departamento de mídia social, separado dos departamentos de marketing e de marketing digital, tamanha é a importância que o segmento ganhou.
Mas qual é a formação esperada deste profissional? A maior parte deles é da área de comunicação, especialmente de marketing. Segundo Eduardo Barbato, publicitário e professor de interatividade e novas mídias da Escola Superior de Propaganda e Marketing do Rio (ESPM-RJ), para ser um profissional completo no ramo é necessário dominar os conhecimentos de marketing.
- Mídias sociais é um meio novo, cheio de peculiaridades e armadilhas. Os analistas estão sendo muito requisitados, mas a maioria precisa se aprofundar num planejamento estratégico da marca como um todo - explica. - Se a estratégia de mídia social for muito descolada da estratégia de comunicação da marca, existe o risco de uma esquizofrenia.
O conselho de Barbato, portanto, é que aspirantes a analistas e profissionais da área se aprofundem em conhecimentos de marketing para não caírem "num trabalho apenas braçal e operacional".
- Não basta ser um nativo de web. Tem que ter mais substância. Um heavy user não necessariamente vai saber ser um bom analista de mídias sociais - afirma. - O ideal é que este profissional saiba também fazer uma análise da rentabilidade das ações em mídias sociais, ou seja, estabelecer metas e saber medir resultados, para ver se está no caminho certo.
O empresário Rodrigo Menezes, diretor do site Concurseiro Urbano, afirma que o trabalho do analista de mídias sociais hoje é imprescindível. Em sua empresa, dos nove funcionários, dois são da área. Para Menezes, monitorar as redes sociais e saber usá-las a favor de sua marca é uma questão de sobrevivência do negócio.
- A internet tem a capacidade de fazer a empresa ter boa imagem ou, ao contrário, queimá-la, de forma muito rápida - diz Menezes. - Precisamos monitorar as redes tanto para vender bem nossos produtos quanto para descobrirmos as necessidades do nosso público.
Menezes ressalta que os consumidores hoje preferem reclamar dos serviços de uma empresa no Twitter ou no Facebook, antes mesmo de fazer contato com o setor de serviço ao cliente:
- Eles sabem que a resposta será mais rápida.
Que o diga Simone Medeiros, que deixou a área de moda, na qual se formou, para ser analista de mídias sociais. Agora, ela cursa publicidade, com especialização em marketing digital.
- No Twitter, por exemplo, é muito fácil de se disseminar as coisas. Você tem que ser ágil e dar uma resposta certeira, ou então já era - conta ela, sobre as reclamações de internautas.
Segundo Simone, algumas ferramentas, como o tweetdeck (que permite gerenciar várias contas de Twitter e de Facebook, ao mesmo tempo) e o klout (que mede a influência da empresa sobre as pessoas), ajudam no dia a dia do trabalho. Mas estar antenada com o que acontece no mundo, entender muito sobre a empresa na qual trabalha e escrever bem são aspectos fundamentais, para ela:
- Lido com muita gente diferente, todos os dias. Se não estiver muito bem informada e souber redigir de forma a não gerar várias interpretações, estou frita - diz.
FONTE: O GLOBO
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