quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Personalidades apoiam movimento de combate à corrupção no governo federal

Publicada em 15/09/2011 às 08h19m
O Globo (opais@oglobo.com.br)




RIO - A sociedade civil começa a se mobilizar para dar apoio e respaldo a ações de combate à corrupção. Senadores de diversos partidos lançaram a Frente Suprapartidária Contra a Corrupção e a Impunidade e convocaram a população para participar. Uma empresária já organiza no Facebook um ato contra a corrupção no Rio , que começa a se espalhar pelo Brasil e foi notícia até no jornal espanhol "El País" . O GLOBO publica diariamente o depoimento de uma personalidade sobre a importância do movimento e da mobilização da sociedade.

Paulo Miklos - Foto de divulgação
Paulo Miklos, músico

"Eu fiquei bastante esperançoso com a grande manifestação do Sete de Setembro, em que quase 25 mil pessoas saíram às ruas. Só a sociedade mobilizada, só um movimento muito grande pode mudar algumas práticas, como o nosso jeitinho. As pessoas podem mudar o curso das coisas. E, agora, as datas comemorativas do país estão servindo para isso, para que o nosso país realmente mude. Vem aí também o 15 de novembro, e podem surgir outros protestos.

Mas ainda temos um longo caminho, temos que fazer muitas coisas, como uma reforma política eficiente. Estamos esbarrando sempre nas mesmas pessoas. Parece que a alternância de poder já não adianta, que não há tanta mudança. Sempre há a exigência de negociação com as mesmas pessoas, quer dizer, parece que a política fica refém das mesmas pessoas. Mas vejo com muita esperança essas manifestações, que podem começar a mudar as coisas".
Dicró, cantor e compositor

"A corrupção, do meu ponto de vista, começa lá em Brasília. Exemplo: agora, o governo está querendo voltar com o CPMF para dar mais dinheiro para a Saúde. Antes, já disseram que roubavam tudo. Vão continuar a roubar agora. Mas isso é bom para os velhinhos, que vão recuperar a audição, a visão e vão ficar atentos para que não exista nenhum problema ou desvio de dinheiro".
Marcelo Madureira, humorista

Marcelo Madureira - Foto de Divulgação "Dou a maior força para este movimento porque a corrupção é, antes de tudo, antieconômica. Por exemplo: uma ponte que é para custar 100, custa 150, e por aí vai. O certo é que a corrupção no Brasil já foi longe demais. A corrupção é uma via de mão dupla. Não existe corrupção sem corruptor. O corrupto tem que ser mancomunado com o corruptor. O empresário, os grandes empreiteiros, desses ninguém fala. A corrupção está em contradição com a democracia, com a economia, com o bom senso e os bons costumes. Não existe ninguém que seja a favor destes corruptos.

Infelizmente, a Justiça só serve aos poderosos. Só o pobre vai preso, e as pessoas praticam estes atos de corrupção porque têm certeza da impunidade. Só existe democracia de verdade quando existe justiça de verdade. E quando você botar na cadeia tanto o corrupto quanto o corruptor, você vai lavrar um tempo importante. Em qualquer lugar do mundo tem corrupção. A diferença no Brasil é que a corrupção corre solta e não acontece nada. É uma responsabilidade nossa, do cidadão, de lutarmos contra este tipo de delito, porque este delito prejudica a sociedade como um todo. Quanto em dinheiro o país perde com a corrupção? É importante que as pessoas de bem deste país estejam juntas nesta luta, que é uma luta dura. Mas se a gente não lutar, não tem chance nenhuma de ganhar. Eu sugiro começarmos a luta invadindo a ilha de Curupu, do Sarney, para conquistarmos um pedaço do território inimigo. Vai ser uma boa briga!".
Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira, presidente da Firjan

"Nós apoiamos porque a corrupção está incrustada no poder público brasileiro. E nós pagamos uma quantidade gigantesca de impostos. Ninguém aguenta mais não ter serviços proporcionais aos impostos recolhidos. Nós sabemos que grande parte dessa dificuldade que o Estado tem de prover os serviços públicos são em função da corrupção, do dreno de recursos que acontece na administração pública. Nós temos que dar um basta nisso. Nós temos que conclamar todos os brasileiros a se manifestarem a favor da moralidade pública.

Nós temos que chamar a sociedade, as instituições, os jovens para mostrar que isso que acontece não é mais possível, isso não é razoável, isso é um câncer que está matando a todos e está matando principalmente a esperança da juventude".
Marco Antonio Villa, historiador

"Eu fiquei impressionado com as manifestações organizadas no Sete de Setembro. Especialmente em Brasília, onde muitas pessoas foram às ruas. Eu sempre fico irritado quando ouço de alguns, e é pensamento corrente, que a corrupção está no DNA do brasileiro. Outro discurso de que não gosto é o seguinte: se a economia vai bem, então está tudo certo, ninguém se mobiliza. Esses discursos que não tem nada a ver e essas manifestações mostram que as pessoas estão indignadas. A grande dificuldade é encontrar um meio para que sociedade possa demostrar toda essa insatisfação. Nós somos uma sociedade invertebrada, difícil de canalizar algumas insatisfações.

O desafio, agora, é a continuidade. Como manter essas manifestações e pressionar? Aquela tese de que não estão nem aí, é tudo bobagem, lero-lero. Tenta-se até justificar a despreocupação com a carta de (Pero Vaz) Caminha, e associam também a corrupção a uma herança ibérica, mas não é assim. Pode ser que esse movimento inaugure uma nova forma de fazer política. Há um cansaço em relação às formas tradicionais. Os sindicatos e movimentos sociais, por exemplo, são todos beneficiados e atrelados ao governo".

Carlinhos de Jesus, coreógrafo

Carlinhos de Jesus em imagem de arquivo - Foto de Ari Kaye Gomes "A população tem que se organizar, sim. Tem que se juntar para dar um basta na corrupção. Na época do impeachment, a sociedade não se organizou, pintou os rostos e foi às ruas? É importante estar atento e lutar contra esse mal. Às vezes, acho que a sociedade não tem noção da força que tem. Com os impostos absurdos que pagamos, não é possível que aconteça o que acontece. Temos que entender que o dinheiro do contribuinte não pode ser usado da maneira que é. Pagamos e não há o mínimo respeito com a população. A população tem que se organizar e dar um basta. Isso é válido. O Brasil é conhecido em todo o mundo pelo esporte, pela música e pela corrupção. É desagradável. Não adianta nada o Neymar fazer gol, dançarmos e acontecer tudo que acontece com o nosso dinheiro".
Maurício Azêdo, presidente da Associação Brasileira de Imprensa (ABI)

"O movimento tem a maior importância porque sem a mobilização popular nós não vamos ter uma modificação essencial nesse quadro a que assistimos, de ataque ao dinheiro público e de práticas fraudulentas na administração pública. A presença da ABI ao lado da OAB e da CNBB tem em vista procurar alastrar esse movimento para sensibilizar a opinião pública, que pode ter uma participação decisiva nessa questão.

É através dessa mobilização que vamos modificar essa leniência e essa contemplação com a corrupção que grassa na administração pública em todos os níveis e em todos os escalões da federação".

Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/pais/mat/2011/08/22/personalidades-apoiam-movimento-de-combate-corrupcao-no-governo-federal-925175198.asp#ixzz1Y1NEy3eb
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fonte : O GLOBO

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