POR KAMILLE VIOLA
Rio - Atire o primeiro “podrão” quem nunca comprou um quitute na rua na hora em que a fome apertou. E o melhor é que, numa dessas incursões, é possível descobrir verdadeiras delícias, muitas delas agora listadas no ‘Guia Carioca da Gastronomia de Rua’ (ed. Arte Ensaio, 138 págs., R$ 60), concebido e editado por Sérgio Bloch e com texto de Ines Garçoni. Levados pelo Guia Show & Lazer, especialistas em gastronomia conferiram alguns desses tesouros vendidos com muita criatividade.
O figuraça Rafael Marques há cinco anos vende, na Praia de Ipanema, o Hareburguer (de R$ 6 a R$ 8), hambúrguer de soja com receitas nada básicas. O Hare Saturno (R$ 6), feito com “hambúrguer vegetal astral, abacaxi giratório de Saturno e tomates verdes fritos”, agradou ao chef Pedro de Artagão, que comanda as cozinhas do Laguiole, no MAM, e do Soba, no Leblon. “São vários sabores. Então, a carne não faz falta”, aprovou Pedro. “É uma boa opção, porque na praia só tem coisa engordativa”, observa o chef. Rafael leva cerca de 60 ‘harebúrgueres’ no isopor. “Se tem mais movimento, a ‘haregirl’ traz mais para mim”, conta.
Erisvaldo, que vende rosca no Catete e na Glória, com o chef francês Damien Montecer, do restaurante Térèze | Foto: Felipe O´Neill/ Agência O Dia
Engraçadíssimo também é Erisvaldo Corrêa dos Santos, que abusa dos duplos sentidos para anunciar sua rosca com açúcar e canela (R$ 2) no Catete e na feira da Glória. “Eu falo: ‘Gente, acabei de queimar a rosca agora’, ou ‘Minha rosca é cheirosa e quentinha’”, conta. Em dias bons, ele vende até 400 unidades. O francês Damien Montecer, chef do Térèze, em Santa Teresa, comeu a rosca: “Ele armou uma coisa lúdica, que é a cara do carioca. Além disso, tem regularidade, faz todo dia o mesmo produto, do mesmo jeito. Isso faz sucesso”, analisa.
Há 28 anos vendendo picolé na Praia do Leblon, com marca própria, Adriano de Almeida Morais, o Morais, faz o maior sucesso no bairro. E sua especialidade, o picolé de polpa de fruta (R$ 2,50), agradou em cheio o sushiman Luis Carlos Gonçalves de Araújo, que há 16 anos trabalha no Sushi Leblon. “O picolé do Morais é maravilhoso, com boa consistência e sabor indiscutível de fruta natural”, aprova Luis Carlos. “São de frutas que eu compro na feira, na Cadeg, e só trabalho com as da época. Atualmente, os sabores são abacate, abacaxi, banana frita com canela, caju, coco, goiaba, jaca, limão, maracujá e manga”, explica Morais. Em dias de muito calor, ele leva 120 picolés no carrinho. Aos domingos, para a praia, leva 300.
Com o chapéu que lhe rendeu o apelido, Récion Gama Filho, o Curinga, prepara caipirinhas em meio a malabarismos às sextas-feiras, na Lapa, e aos sábados, na Mangueira. “É tanta gente que a minha mulher fica do meu lado, ajudando,” conta. Para uma noite na Lapa, ele carrega em geral uma caixa de vodca e dez garrafas de cachaça. O drinque vem em copo 400 ml e leva duas doses de cachaça (R$ 5), vodca comum (R$ 7) ou da marca Smirnoff (R$ 10).
Ele faz combinações como a Caipirinha do Curinga, com limão e maracujá. A sommelier Deise Novakosky, do restaurante Eça, dos supermercados Zona Sul e do ‘Happy Hour’, no GNT, provou a caipivodca de morango com hortelã. “Eu adorei, tomei assim num tapa”, conta Deise. “Muito gostosa, muito levezinha, o Curinga faz mágica”, brinca ela, fã da cultura de comida de rua: “É a cara do carioca. E, afinal, por que não?”, resume.
fonte : O DIA
Nenhum comentário:
Postar um comentário