quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Tempo de espera em emergências particulares se equipara ao das públicas: duas horas

Publicada em 23/02/2011 às 23h50m
Maria Elisa Alves


Atendimento de emergências do Hospital Souza Aguiar (Foto: Marcelo Carnaval / Agência O Globo)

RIO - Emergência lotada, demora no atendimento, pacientes revoltados que abandonam o hospital, cansados de esperar. O drama que sempre se desenrolou na porta de hospitais da rede pública do Rio tem mudado de endereço. Com o o crescimento do número de usuários de planos de saúde - dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) mostram que, nos nove primeiros meses do ano passado, a adesão subiu 6,3%, o que significa um acréscimo de cerca de 2,6 milhões de pessoas em todo o Brasil -, hospitais privados passaram a sofrer os mesmos problemas. Uma equipe do GLOBO visitou, na segunda e na terça-feira, duas emergências escolhidas aleatoriamente, apenas a título de exemplo - a do Hospital Municipal Souza Aguiar, no Centro, a maior da cidade, e a do Copa D'Or, em Copacabana, uma das mais procuradas da Zona Sul - e constatou que o tempo de espera para receber atendimento tem sido semelhante nas duas unidades: duas horas em média. Em alguns casos, a emergência da rede pública foi até mais rápida.

- O atendimento está mais rápido na rede pública e demorado na privada, como um todo. Enquanto a rede pública tem conseguido desafogar os hospitais, com o programa Saúde em Família e as Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), as emergências da rede suplementar têm recebido mais pacientes, que não conseguem rapidez para marcar consultas pelo plano de saúde e acabam indo para o hospital. Esse modelo, que sempre foi da rede pública, está migrando para a privada - diz Pablo Queimados, diretor-secretário do Conselho Regional de Medicina (Cremerj).

Na porta do Copa D'Or, um dos hospitais, entre tantos outros privados, que sofrem com o aumento da procura, era possível perceber a insatisfação dos usuários. De dez entrevistados, seis consideraram absurdo o tempo de espera. Outros dois, embora tenham aguardado mais de duas horas, relevaram o problema diante do bom atendimento. Apenas dois pacientes foram atendidos em menos de uma hora - um senhor com artrose e um rapaz com conjuntivite, que foi passado à frente dos demais por estar com tuberculose.

Presidente do Sindicato dos Médicos, Jorge Darze diz que os hospitais privados enfrentam o mesmo problema dos públicos: a falta de pessoal. Por isso, trabalham com equipes que ficam de sobreaviso - especialistas chamados em caso de necessidade -, aumentando o tempo de espera.

Uma enfermeira faz a triagem na porta do Souza Aguiar, e casos que podem ser resolvidos em postos de saúde estão sendo, desde o ano passado, encaminhados para essas unidades. Na segunda-feira, por exemplo, um rapaz com conjuntivite foi recusado na emergência.

Um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a respeito da percepção dos pacientes sobre o SUS, mostra que a maioria dos usuários tem avaliado positivamente a atuação da rede pública. No setor de emergência, por exemplo, 48,1% dos 2.773 entrevistados no país disseram que o serviço era bom ou muito bom, contra 31,4% que avaliaram como ruim ou muito ruim. No Sudeste, 52,8% do usuários acharam que as emergências são boas ou muito boas. A pesquisa mostrou ainda que a percepção muda: quem tem plano de saúde acha o SUS pior do que quem o usa.

fonte: O GLOBO

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