segunda-feira, 14 de maio de 2012

Cabral abriu as portas para a eleição de Lindberg Farias


Colunistas

Mauricio Dias

Maurício Dias é jornalista, editor especial e colunista da edição impressa de CartaCapital. A versão completa de sua coluna é publicada semanalmente na revista. mauriciodias@cartacapital.com.br
13.05.2012 09:56



Garotinho. Colhido no momento em que se empolga com sua própria voz. Foto: Renato Araújo/SEFOT-SECOM
Cachoeira no Rio I
Empolgado com o sucesso da cruzada contra o governador Sérgio Cabral, o deputado Garotinho foi à tribuna, no dia 3, para denunciar a influência de Carlinhos Cachoeira na ação que levou à prisão a cúpula do jogo do bicho no Rio de Janeiro.
As acusações que faz baseiam-se, segundo disse, em fita enviada à perícia para avaliação da veracidade. Blindado, porém, pela imunidade do mandato, ele atira pesado e se antecipa à comprovação da autenticidade da gravação clandestina.
Sob os holofotes da TV Câmara, Garotinho, no entanto, alcançou o objetivo.
Cachoeira no Rio II
Garotinho costuma se empolgar com a própria voz e, por isso, muitas vezes, ultrapassa a linha divisória entre realidade e fantasia. Mas é fato que, há dez anos, Cachoeira tentou entrar no Rio, via jogo do bicho, mas foi barrado pela cúpula da contravenção no estado.
Informação exclusiva para enriquecer esta história: o executor da decisão foi o conhecido oficial da reserva do Exército  Capitão Guimarães, das rodas da contravenção e das escolas de samba.
Cachoeira no Rio III
Sérgio Cabral pode se livrar da CPI, mas o filme dele está queimado. A foto, feita em Paris, na qual Adriana Ancelmo dobra o pé e exibe o sapatinho Christian Louboutin de sola vermelha (10 mil reais) é um acinte.
Malgrado o Brasil ter contornado a gloriosa Revolução Francesa, o pisante da primeira-dama fluminense lembra o brioche que Maria Antonieta sugeriu na ausência do pão. Não tem sandália de dedo de borracha? Use Louboutin.
Cabral perdeu o posto de cabo eleitoral nº 1, saiu do jogo e estendeu tapete vermelho para a eleição do petista Lindberg Farias ao governo do estado, em 2014.
A quem interessar possa
Conforme o artigo 52 da Constituição Federal, compete privativamente ao Senado: “Aprovar, por maioria absoluta e por voto secreto, a exoneração de ofício do procurador-geral da República antes do término de seu mandato (…)”.
Fonte: Síntese da tabela elaborada pelo Ipea
Voz do povo
Velha máxima brasiliense resgatada do arquivo dos costumes: “Errar é humano. Persistir no erro é goiano!”
Perfil dos piratas I
A pesquisa do Ipea sobre o perfil dos piratas online de vídeos e músicas no Brasil, divulgada recentemente, inclui uma dúvida no argumento de que o alto preço do produto é o principal estimulante do download ilegal.
Pirataria mostra que, na perspectiva da propriedade intelectual, as invenções de Bill Gates, embora confirmem algumas previsões de Karl Marx, deixaram para segundo plano o assalto revolucionário de Lenin. Observado o nível de instrução (tabela), a sondagem identificou que, “quanto maior o nível de instrução, maior a porcentagem de usuários” piratas.
Perfil dos piratas II
Há uma especificidade na situação brasileira. Apenas 508 municípios brasileiros, dos mais de 5,5 mil existentes, possuem cinemas. Isso tende a incentivar o consumo pirata.
O escurinho do cinema tem futuro? Uma curiosidade é projetada a partir da pirâmide da idade: o hábito é intenso na base. Os jovens têm, efetivamente, na cabeça que a internet é um mundo sem lei.
Fora, Maílson
Saiu do forno o primeiro livro sobre Raphael de Almeida Magalhães, relevante figura da política brasileira da segunda metade do século XX até sua morte, em 2011, aos 80 anos. Raphael parecia carioca, mas era mineiro. Por natureza, era articulador político e conciliador.
De circulação restrita, o trabalho Raphael – Andanças de um sedutor, da Insight Comunicação, é composto de retratos elaborados por companheiros de viagem dele. É possível contar, a partir de dois textos, do ex-presidente FHC e do jornalista José Carlos Assis, uma história inédita do período buliçoso dos planos econômicos malsucedidos.
No governo Sarney, a inércia guiava as ações de Maílson da Nóbrega, na pasta da Fazenda. Diante disso, Raphael, na Previdência, articulou um pacto social com início após a renúncia coletiva do ministério. O presidente aceitou. Antonio Ermírio de Moraes, futuro ministro da Fazenda, recuou. O pacto naufragou. Raphael tinha a grandeza de quem sabe sorrir dos próprios fracassos. Ele reagiu e ironizou: “Só a demissão do Maílson já teria valido a pena”.

fonte: Carta Capital online

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