No entanto, para a comunidade LGBT, apesar das conquistas, tanto a união estável como a possibilidade de casamento devem ser direitos e não apenas decisões judiciais. Quem levanta a bandeira da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do Casamento Igualitário no Congresso é o deputado federal Jean Wyllys (Psol-RJ). Das 171 assinaturas necessárias para a tramitação da proposta, ele já conseguiu mais de 110.
O texto propõem mudanças no artigo 226 da Constituição Federal, acrescentando que o casamento de pessoas do mesmo sexo terá o mesmo valor do tradicional, além de reconhecer a união como entidade familiar. "Ainda que eu ache, por demais relevante a decisão do STF, ela não é suficiente, porque não é direito (...) A PEC do casamento civil vem nesse sentido, de garantir esses direitos como lei".
Nem todos os juízes aceitam a ideia da união ou casamento de pessoas do mesmo sexo, rejeição atribuída a conceitos baseados em fundamentalismo religioso. O próprio presidente da ABGLT, Toni Reis, foi um dos que não conseguiu a certidão de casamento.
Luiz André Resende Souza Moresi e José Sérgio Souza Moresi foram os primeiros a conseguirem o casamento civil, em uma cerimônia realizada no dia 28 de junho do ano passado na cidade de Jacareí, interior de São Paulo. Luiz diz que a maior mudança após o casamento foi o sentimento de família. "No nosso caso era muito simbólico que a gente adotasse o nome um do outro, já que se tratou do primeiro no Brasil, eu adotei o Souza do Sergio e ele adotou o Moresi (...) a partir daquele momento estava nascendo a família Souza Moresi".
Fundamentalismo religioso
Para aqueles que lutam para que os homossexuais tenham os mesmos direitos dos heterossexuais, após a decisão do STF, a sociedade se deu conta de que não se tratavam de privilégios, mas sim de igualdade de direitos, além de diminuir a rejeição a medida que novas uniões estáveis ou casamentos surgiam. No entanto, todos reclamam da perseguição de grupos religiosos, que eles denominam de "fundamentalistas".
Moresi diz que logo após o casamento, a prefeitura de Jacareí sucumbiu à pressão de setores conservadores e retirou o apoio que possibilitaria a realização da segunda para gay da cidade. Ele diz ainda que hoje recebe várias mensagens por e-mail de pessoas contrárias ao seu relacionamento. "Ignoro. Isso só me dá mais vontade de continuar lutando pela aprovação do casamento civil igualitário e de combate à discriminação".
O deputado Jean Wyllys diz que não consegue dialogar com esses grupos no Congresso. Segundo ele, os fundamentalista "trabalham" para prejudicar qualquer demanda relacionada à comunidade LGBT. "Eles não estão apenas fazendo atuação parlamentar aqui, estão também nas redes sociais e na internet atentos para qualquer matéria da comunidade LGBT fazendo comentários odiosos, dos mais chocantes possíveis (...) é uma batalha entre David e Golias, para usar a própria metáfora bíblica, contra uma máquina eleitoral, com uma força política muito bem constituída, com um projeto de poder muito claro", explica
fonte: JB online
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