sexta-feira, 22 de maio de 2009

Falha em hospital faz órgãos de paciente serem perdidos

RIO - O desejo de salvar vidas após a morte da dona de casa Magali Gomes Grangeão, de 59 anos, esbarrou, na última terça-feira, num erro de procedimento que nem a Secretaria estadual de Saúde soube explicar como ocorreu, mas levou sua família a uma espera angustiante de três dias. Com morte cerebral atestada na segunda-feira, dia 18, a paciente, que queria doar todos os órgãos, teve apenas as córneas captadas, na manhã desta quinta-feira, no Hospital Getúlio Vargas (HGV), na Penha. Os parentes acusam a unidade de não ter feito o exame que permitiria a doação total no tempo previsto pelo protocolo das centrais de transplante.

Magali sofreu um aneurisma na noite de domingo, quando estava sozinha em casa, no bairro Jabour, em Bangu. Depois de desmaiar e cair, ferindo a cabeça, ela ainda conseguiu telefonar para o filho, o professor de educação física Michael Gomes Grangeão, de 25 anos, que a levou para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Bangu.

Avaliação pela metade
A unidade atestou a morte cerebral da paciente por volta do meio-dia de segunda-feira, mas só foi possível conseguir uma vaga para transferi-la para o HGV à noite.

- Perguntaram se queríamos doar os órgãos e dissemos que sim, porque era a vontade de minha mãe. Mas, na UPA, não havia neurologista e não tinha como dar o laudo para o transplante - explica Michael ( ouça o depoimento de Michael Gomes ).

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Perguntaram se queríamos doar os órgãos e dissemos que sim, porque era a vontade de minha mãe. Mas, na UPA, não havia neurologista e não tinha como dar o laudo para o transplante
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O primeiro exame para confirmar a morte cerebral no HGV foi feito às 22h. De acordo com o protocolo previsto para a doação, deveria ser repetido seis horas depois. A avaliação, entretanto, só teria sido feita 12 horas depois, segundo a família, comprometendo a captação.

- Na terça, quando voltamos ao hospital, o chefe de equipe nos disse que não seria possível fazer a captação por causa do atraso. Para o meu primo, que é cirurgião vascular, disseram que a pressão dela não foi monitorada e baixou - diz Michael.

Depois do atraso, reanimação 'divina'
Não bastasse o sofrimento de fazer plantão na porta do Hospital Getúlio Vargas à procura de notícias e explicações para o atraso na realização do exame, na tarde de quarta-feira uma mudança no discurso da equipe da unidade aumentou ainda mais a ansiedade da família.

- Eles reanimaram minha mãe com drogas e ela urinou. Agora, dizem que os órgãos estão funcionando normalmente e vão chamar a Central de Transplantes. Que pode ter sido "uma coisa de Deus". Não estamos entendendo nada - disse Michael, anteontem.

No fim da tarde, a equipe da central coletou sangue de Magali, após autorização da família, e disse que a captação seria feita na madrugada desta quinta-feira.

Nesta quinta-feira, o HGV comunicou aos parentes que somente as córneas puderam ser retiradas. Magali foi enterrada à tarde, em Paciênci



FONTE: JORNAL EXTRA ONLINE

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