domingo, 6 de setembro de 2009

O carioca é cúmplice com a zona em que vivemos nesta cidade

03/09/2009 - 17:34 | Enviado por: Andre Balocco

O Rio de Janeiro continua lindo - mas estou cansado de ouvir e ver os turistas exaltarem a natureza e execrarem a falta de cuidado do carioca com a cidade. Fico estarrecido ao ver as ruas esburacadas e as calçadas com verdadeiros rombos - a maioria causada por carros que as invadem para que seus donos possam estacioná-los. O que mais me espanta, no entanto, é a complacência do cidadão com o constante desrespeito, talvez uma espécie de cumplicidade. No Rio, tudo que é público é vazadouro de lixo, de porcaria. Ninguém reclama quando alguém joga um papel na rua, mesmo há, a um braço de distância, uma lata de lixo daquelas laranjas. Ninguém, absolutamente ninguém reclama. A queixa fica sempre para depois, nos almoços de domingo, nas filas de banco, nas filas de hospitais, dentro dos ônibus, nos trens e metrôs. Lá, sempre que pode, ele eleva a voz para dizer que o Rio está "um lixo, abandonado, sujo". Curioso de verdade aqui na minha Copacabana são os camelôs. Sempre ouço as pessoas falarem mal deles, mas sempre que encontram alguma coisa "interessante", param, compram e estimulam a camelotagem. Ora, paguem o preço! Se não querem camelôs, não comprem em camelôs! Ou então deixem as pessoas trabalharem, mas de maneira organizada, ok? Vamos dar uma olhada nesta foto aqui embaixo. Um primor de irregularidades. Num único click, são três: pessoas no meio da rua tebntando acessar um transporte público; uma van parada para pegar estes passageiros no meio da rua - estas vnas são legalizadas? e finalmente uma caçamba de entulho ocupando uma pista de rolamento no lado esquerdo da mão, onde é proibido estacionar, com uma frase que sintetiza a zona que permitimos viver: Rio Limpo.

Os choques de ordem, que no começo do governo Paes foram apregoados como uma verdadeira revolução para mudar o cotidiano do Rio, perderam força e ninguém mais parece ter medo deles. Tanto que os dribles estão de pé, firmes e fortes, e poucos parecem se importar. Óbserve esta outra foto, um pouco mais adiante, já na Praça Eugênio Jardim, na altura do Corte Cantagalo, a alguns metros do quartel do Corpo de Bombeiros. Mais uma vez, o descaso, o "pouco -me-importo-com-você" do carioca. Uma senhora, com sua bengala, atravessa por um corredor polonês formado por uma destas caçambas de entulho - desta vez na calçada, e um um carro estacionado. Atrás deste carro, outro carro, e mais outro, e outro...Repare lá no fundo a cidadania estraçalhada, humilhada pela ignorância, a complacência e a cumplicidade. Quem cala hoje, amanhã estaciona.

Será que alguns destes donos de carros têm medo de choques de ordem? Sinceramente, acho que a prefeitura deveria esquecer este espetáculo midiático de "choque de isso, choque de aquilo" e trocar os holofotes por um trabalho constante e sério em todas as suas áreas de competência. Só assim o Rio vai ser, de verdade, a cidade mais feliz do mundo, como a classificou uma revista nesta quinta-feira. Custa dar uma forcinha?

fonte:cidade copacabana- Andre Balocco

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