sexta-feira, 9 de abril de 2010

A tragédia revela a face perversa de uma cidade partida', diz deputado estadual Renata Rosas



| Estado do Rio | 08/04/2010 14:08

A situação já era caótica e parecia que não tinha como piorar, mas aconteceu. Após as fortes chuvas que atingem o Estado do Rio, há três dias, deixarem mais de 150 mortos, parece que o tempo não foi suficiente para evitar mais uma tragédia grave: uma avalanche carregou cerca de 60 casas na madrugada desta quinta, em Niterói, e parte do morro do Bumba, no bairro de Viçoso Jardim, foi abaixo.

Tudo isso trouxe à tona uma grande polêmica sobre a administração do prefeito de Niterói, Jorge Roberto Silveira. Para o deputado estadual, sociólogo e presidente da Comissão de Assuntos Municipais e Desenvolvimento Regional da Alerj, Rodrigo Neves, essa tragédia foi, sem dúvida, uma tragédia anunciada.

"O momento agora é de socorrer as vítimas e dar assistência aos desabrigados, mas é evidente que a tragédia revela a face perversa de uma cidade partida, onde os pobres e os bairros da periferia não tiveram políticas públicas na infraestrutura urbana, na contenção de encostas e na habitação popular", contou ele ao SRZD, transtornado com a situação que acompanha, pessoalmente, desde a terça-feira.

Segundo o deputado, é uma contradição que a cidade com o maior IDH (Índice de Desenvolvimento Urbano) do país e com um orçamento rico, tenha tantos mortos em tantas comunidades.

"Em um momento posterior, será preciso reformular completamente a forma de administrar a cidade. É preciso planejar o crescimento, inclusive das regiões mais ricas, que estão crescendo desordenadamente, além de inverter as prioridades para as comunidades mais pobres, a fim de resgatar a auto-estima dos niteroienses", disse o deputado.

* Mortos, desabamentos, alagamentos. E os investimentos em infraestrutura?

Rodrigo acredita ainda que o prefeito já deveria ter decretado Estado de Calamidade Pública. "Até o momento, ele só decretou Estado de Emergência, que, segundo a Constituição, é uma medida tomada para situações suportáveis e por um período de apenas 30 dias", ressaltou ele.

De acordo com o deputado, a situação de Calamidade Pública permitiria que os auxílios vindos dos governos federal e estadual chegassem com mais rapidez e salvassem mais vidas.

"Essa tragédia já comprometeu os serviços públicos da cidade, como a rede de saúde e educação. Para se ter uma ideia, quando aconteceu o desastre das chuvas em Angra, com 40 óbitos em duas comunidades, a prefeitura decretou Estado de Calamidade Pública. E em Niterói ainda não foi decretado".

A situação se agravou ainda mais porque o programa de prevenção de riscos de deslizamentos e enchentes da cidade não foi implementado e está no papel há quatro anos. O plano, que teve um custo estimado de R$ 44 milhões, lista 142 pontos onde há risco de desabamentos no município. No entanto, o orçamento da prefeitura para as ações de drenagens e intervenções prevê gastos de apenas R$ 13,7 milhões.

Comentários dos leitores do SRZD

Segundo relatos de nossos leitores, a administração do prefeito de Niterói deixa a desejar e é responsável, em grande parte, por toda essa tragédia que abala a cidade. Para Paulo Piramba, essa tristeza poderia ter sido evitada.

"Governos populistas incentivando pessoas que não têm onde morar a ocuparem área de um lixão desativado. Era uma tragédia anunciada que poderia ter sido evitada. E as autoridades, que nunca apresentaram um programa de habitação decente, ainda ficam culpando as vítimas pela sua vitimização!", disse ele.

A leitora Patricia Caetano Quintella contou que a Região Oceânica está isolada do resto da cidade. "Ruas de São Francisco estão destruídas. Minha rua está cedendo e ainda desviam o trânsito pra cá, pois a Estrada da Cachoeira está interditada. Só hoje ele (o prefeito) deu as caras! Nervoso, tenso, assustado com tamanha omissão sua e de sua equipe", ressaltou ela.

Até o fechamento desta matéria, o SRZD não tinha conseguido falar com o prefeito de Niterói.

fonte:SRZD

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