quarta-feira, 2 de Junho de 2010
Durante décadas, os moradores de comunidades cariocas conviveram com a lei imposta por traficantes, onde respeito à vida era inexistente, assim como o direito de ir e vir. Esta dura realidade prejudicava tanto os que moravam nas áreas de conflito, como aqueles que residiam no asfalto e tornavam-se vítimas da violência que transformou o Rio no purgatório da beleza e do caos. Essa antítese entre lugares tão diferentes – e ao mesmo tempo tão próximos – fez com que a expressão “Cidade Partida”, cunhada pelo jornalista Zuenir Ventura, retratasse com perfeição a força do poder paralelo. O resultado foi a desvalorização de imóveis e a diminuição da qualidade de vida e autoestima do cidadão.
Com a chegada das Unidades Pacificadoras de Polícia (UPPs) em comunidades antes dominadas pelo tráfico, mais do que retomar a autoridade, o Estado devolveu a estas localidades uma realidade que muitos sequer conheciam e promoveu o resgate dos direitos e da cidadania de seus moradores. A valorização dos imóveis dentro e fora das favelas pacificadas foi imediata. Em bairros como Copacabana o valor doa imóveis chegaram a dobrar, se comparado aos preços oferecidos antes das UPPs.
De fato, esse novo ambiente tem atraído mais moradores para as comunidades pacificadas, uma ameaça urbanística e ambiental à cidade. Novas construções apontam para uma expansão descontrolada que precisa ser contida. O Choque de Ordem da Prefeitura demoliu na subida do Pavão-Pavãozinho um depósito de lixo que dava lugar a uma cracolândia. O local foi transformado em uma praça, amplamente iluminada e segura.
Ocupações irregulares de calçadas na comunidade foram removidas. Trinta e quatro bares, que atormentavam a vida dos moradores, foram fechados. A presença do poder público nessas comunidades é fundamental para barrar o efeito colateral que se apresenta: a especulação imobiliária. Essas áreas retomadas pelo Estado, através de 19 UPPs, não são mais territórios paralelos à cidade e não estão mais à margem da urbanidade. Agora, é preciso ordem pública.
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