segunda-feira, 22 de junho de 2009

Camelôs da Lapa protestam contra a prefeitura

João Pequeno, JB Online


RIO - Transformada no principal point carioca de noitadas em praça pública, devido, em boa parte, à proliferação de barracas de bebidas e da chamada “baixa gastronomia”, como salsichão e churrasquinho, a Lapa deve perder a maioria dos camelôs que participaram dessa guinada, desde a década passada.

Muitos deles serão substituídos até por vendedores sem nenhuma experiência nesse ramo, mas que foram sorteados ontem pela prefeitura para preencher as 82 vagas da Feira Noturna Lapa Legal, entre 215 candidatos inscritos.

Outros 68 foram selecionados para uma fila de espera por vagas que abram por eventuais desistências.

Há 12 anos no bairro boêmio da região central, Rosângela de Oliveira, 50, mais conhecida como Tia da Pizza, saiu revoltada, após não ser sorteada nem para a fila de espera.

Rosângela reclamava especialmente do não cumprimento de uma sinalização feita em janeiro pela secretária de Cultura, Jandira Feghali, para manter as barracas de 61 camelôs antigos que formam a Associação dos Trabalhadores Informais dos Arcos da Lapa (Atial). Segundo a “Tia”, diretora da Atial, dos 61 associados, 28 foram sorteados.

– Os camelôs que fizeram a Lapa ficaram de fora. E quem fez a Lapa foram os camelôs; as casas noturnas chegaram depois – protestou.

Passou a bola

A Secretaria de Cultura disse que passou a escolha dos vendedores para a Secretaria de Ordem Pública (Seop), porque o número de candidatos cresceu muito, tornando-se uma questão de ordenamento urbanístico, e que eles foram sorteados para não privilegiar os membros da associação.

A Seop confirmou que assumiu a seleção dos camelôs e disse que adotou o sorteio por ser “democrático e não discricionário”, acrescentando que haverá um curso preparatório para manipulação de alimentos pela Vigilância Sanitária, mas que, ainda assim, as autorizações poderão ser revogadas a qualquer momento, no caso dos sorteados que não prestarem um atendimento considerado adequado à clientela.

O desapontamento dos vendedores antigos não se restringiu aos associados à Atial, porém. Camelô “há 23 anos” de seus 39, José Feliciano Tavares, que não faz parte da associação, caiu na lista de espera.

– Tá cheio de gente aqui que nunca vi na Lapa – dizia ao JB durante o sorteio. – Tenho comprovantes de entregas de carne que recebo na Travessa do Mosqueira, mas a prefeitura nem pediu, porque não se importa com quem criou aquele movimento – disse o vendedor de carne-de-sol com aipim, produto que, aliás, não poderia mais continuar a vender – está proibido na Feira Noturna.




21:21 - 22/06/2009
fonte:jornal do brasil

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