sexta-feira, 12 de junho de 2009

Por um Rio mais adaptado

Editorial , Jornal do Brasil


RIO - Pessoas que dependem de cadeiras de rodas ou sofrem outras limitações de mobilidade devido a deficiências físicas começam a vislumbrar um Rio de Janeiro mais adaptado às suas necessidades. Na Lapa e adjacências, já está em andamento a construção de 37 rampas em calçadas – e a prefeitura adianta que há planos de estender o projeto a outras áreas da cidade, embora não cite prazos. Ainda que tardiamente, o Rio passa a perceber que, assim como as principais metrópoles mundiais e mesmo as pequenas e médias cidades de países mais desenvolvidos, precisa estar preparado para todos os cidadãos que nele desejem viver, conviver ou simplesmente visitar.

O projeto na Lapa retoma, depois de quase 10 anos, a instalação de equipamentos para acessibilidade a portadores de deficiências físicas em projetos arquitetônicos na capital fluminense. Segundo o secretário municipal da Pessoa com Deficiência, Márcio Pacheco, a extensão do projeto a outras regiões da capital se dará a partir de um convênio a ser assinado este mês com o Núcleo Pró-Acesso da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio de Janeiro (FAU-UFRJ). O programa obedecerá a critérios estabelecidos pelo Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa Portadora de Deficiência (Conade), vinculado ao Ministério da Justiça.

O maior problema dos cadeirantes e deficientes que se aventuram a caminhar pela cidade é que, até hoje, a acessibilidade está restrita a ilhas dentro de projetos de urbanismo e ordenação pública. O primeiro – e, até então, último – havia sido o Rio Cidade, realizado durante a primeira gestão de Cesar Maia (1993-1997) e a de seu secretário de Obras e, depois, sucessor, Luiz Paulo Conde (1997-2001). A própria Lapa, contemplada por várias benfeitorias nas administrações anteriores, não havia recebido passagens adequadas para cadeiras de rodas. As obras devem ficar prontas até o fim do ano.

Outra crítica pertinente quanto às restrições à acessibilidade no Rio parte da superintendente do Instituto Brasileiro dos Direitos da Pessoa com Deficiência (IBDD), Teresa D'Amaral – entrevistada segunda-feira pelo JB. Segundo ela, até agora as obras limitaram-se a serem partes de projetos de visibilidade, como o Rio Cidade e o Lapa Legal, protelando a construção destes sistemas por todo o Rio “de forma permanente”. Teresa aponta ainda outro problema: a localização restrita das calçadas adaptadas para cadeiras de rodas, concentradas na Zona Sul da cidade e praticamente inexistentes nas zonas Norte e Oeste.

De acordo com a superintendente do IBDD, a falta de sistemas de acesso para portadores de deficiência poderia ser resolvida – ou, pelo menos, atenuada – com sua inclusão obrigatória em obras de urbanismo e pavimentação. Ao mesmo tempo em que gasta grandes somas em obras de paisagismo ligadas a megaprojetos, o poder público poderia investir pequenas verbas atreladas às obras corriqueiras da cidade. Assim, quando a prefeitura consertasse uma calçada ou refizesse o asfalto de uma rua, teria de pensar na acessibilidade. Ganhariam com isso a urbe e os cidadãos cariocas.




20:26 - 10/06/2009

fonte: jornal do brasil.

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