quinta-feira, 7 de abril de 2011

Alagoas registra caso de bullying homofóbico em escola pública - O Globo

Alagoas registra caso de bullying homofóbico em escola pública - O Globo: "Violência
Alagoas registra caso de bullying homofóbico em escola pública

Publicada em 06/04/2011 às 20h41m
Odilon Rios, especial para o Globo


MACEIÓ - O estado de Alagoas registrou o primeiro caso de bullying homofóbico em uma escola estadual. No dia 22 de março, um garoto de 15 anos foi submetido, por três minutos, a uma sessão de nove tapas no rosto por outro aluno, na escola estadual Gentil de Albuquerque Malta, na cidade de Mata Grande, sertão alagoano. O nome de ambos não foi divulgado. Um vídeo, registrando a agressão, foi parar na internet, mas retirado por 'fazer apologia ao ódio'.

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As imagens mostram ainda que outros alunos zombaram da vítima, pedindo que ele dançasse a música da cantora Lady Gaga. No vídeo, o agressor diz que a vítima havia feito 'fofoca' sobre ele a colegas. A vítima negou.

' Meu filho é uma pessoa tranqüila. Não houve motivos graves para existir aquela agressão '

O agressor foi suspenso por oito dias. O agredido voltou às aulas. Ele havia pedido a direção para mudar o horário do estudo, por causa das ameaças, depois que assumir ser homossexual. A direção negou o pedido.

- Não havia vagas no período da manhã - disse o diretor da escola, José Timóteo.

A mãe do estudante agredido, a dona de casa Damiana da Graça, não viu o vídeo, mas sabia da confusão:

- Meu filho é uma pessoa tranqüila. Não houve motivos graves para existir aquela agressão. Fiquei sabendo que existia um vídeo pelos meus vizinhos, mas não vi - disse a mãe.

Ela não registrou queixa mas, segundo a conselheira tutelar Roberta Alencar, foram tomadas providências.

- A Justiça chamou os dois e os advertiu sobre as agressões, ouvindo as duas partes. Foi assinado ainda um termo de responsabilidade na delegacia de que se houver represálias, a família do adolescente agressor responderá pelo caso - disse Roberta Alencar.

Segundo ela, o agressor voltará a estudar na mesma escola:

- Agora, essa decisão é da Justiça. O caso foi encaminhado ao Ministério Público Estadual, que vai avaliar as providências a serem tomadas, disse a conselheira tutelar.

O promotor Cláudio Telles, que cuida do caso, decide hoje as providências a serem tomadas. A conselheira evita tratar o caso como bullying homofóbico.

O presidente do Grupo Gay de Alagoas, Nildo Correia diz que este caso preocupa a entidade.

- É a primeira agressão registrada em uma escola. Isso nos preocupa porque, nos números, somos o segundo estado que mais mata homossexuais no Brasil. Mas, proporcionalmente, somos os primeiros. Existe a impunidade e isso estimula a agressão - diz Correia.

A Bahia lidera os casos de assassinatos de gays, lésbicas ou transexuais, com 29 mortes, segundo o relatório do Grupo Gay da Bahia, divulgado esta semana. Alagoas é o segundo, com 29, seguido de São Paulo e Rio, com 23. Proporcionalmente, Alagoas ocupa a primeira colocação.

O relatório mostra ainda que o Estado - o segundo menor do Brasil - lidera o ranking de assassinatos nas maiores e menores faixas de idade entre homossexuais.

Em 2009, a travesti Érica, de 14 anos, foi assassinada com 14 tiros na orla de Pajuçara, área nobre da capital alagoana. Era garota de programa. Em 2010, o homossexual Josué Amorim, 78 anos, foi assassinado a golpes de facão na cidade de União dos Palmares, zona da mata alagoana.

- O homossexual é tratado com marginalidade pela sociedade. E como não existem políticas públicas e existe impunidade, os nossos números pioram, disse o presidente do GGAL.

De 1980 até este ano, foram registrados 80 assassinatos de homossexuais. Neste ano, foram assassinados sete. E com requintes de crueldade.

Em março, o arquiteto Flavius Lessa foi assassinado com facadas no pescoço pelo companheiro, o modelo Frederico Safadi. O motivo, segundo a Polícia Civil, foi passional. Safadi se entregou a polícia.

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