terça-feira, 26 de abril de 2011

Em gravação, suposto coronel ameaça de prisão bombeiros do Rio que comparecerem a manifestação

Jornal do Brasil - Rio - Em gravação, suposto coronel ameaça de prisão bombeiros do Rio que comparecerem a manifestação:

Uma gravação de pouco mais de 12 minutos, à qual o Jornal do Brasil teve acesso, flagra um homem - que seria o comandante do 2º Grupamento Marítimo (Barra da Tijuca), Márcio Magalhães Lessa - ameaçando com punições outros 30 bombeiros subordinados a ele. Segundo as ameaças contidas na gravação, se os bombeiros realizassem nova manifestação reivindicando melhores salários e condições de trabalho, seriam presos.

“Hoje tem mais manifestação de vocês, não tem? Então, vou avisá-los que quem estiver lá já tem dois ônibus esperando por vocês. Vão direto para o Gepe (Grupamento Especial de Policiamento). E também tem uma juíza esperando para lavrar os autos de flagrante de quem estiver lá. (...). Tá todo mundo lá. Toda a força policial. Vão prender, vão prender, vão prender e acautelar”, ameaça o homem que, segundo denúncias, seria o comandante do GMAR da Barra.

Num outro trecho da gravação, o suposto comandante informa que o comandante geral do Corpo de Bombeiros, Pedro Machado, está se sentindo “traído” pelos guarda-vidas, responsáveis por uma série de manifestações há cerca de uma semana. “Ele me disse que podia esperar isso de qualquer bombeiro, mas não dos guarda vidas. Palavras dele”.
Bombeiros, em especial guarda-vidas, fazem manifestações há mais de uma semana no Rio

Sobre o fato de pouco mais de 30 bombeiros terem sido transferidos para outros quartéis, como uma suposta medida punitiva para o movimento reivindicatório, o suposto comandante dispara:

“Eu vou falar o que? Coronel Pedro, traz meus bombeiros de volta? Não, claro que não.”.

Segundo informações, a gravação foi feita na última segunda-feira (18), depois de uma grande manifestação na orla de Copacabana que ocorreu no domingo (17), durante aqual teriam sido feitas fotografias para identificar cerca de 36 militares manifestantes, que acabaram transferidos. Após o protesto, os militares tiveram que responder um memorando informando se tinham ou não participado da mobilização. Uma cópia do documento foi publicado pelo JB.

“O Comando Geral expediu um memorando para todos os militares que não estavam de serviço no domingo (17, dia da manifestação). Quem não estava tem que responder. É sim ou não. Tem que informar se participou da manifestação na orla de Copacabana no domingo. Quem vai julgar não sou eu. É o Comando Geral. Quem quiser pôr que sim, que participou, é com vocês mesmos. É aquela velha história. Nós somos militares. Nós ainda somos militares”, alerta o coronela respeito do memorando.

Comando Geral responde:

Segundo uma nota enviada ao JB na tarde desta segunda-feira (25) pela assessoria do Comando Geral, a gravação é uma surpresa para o alto comando da corporação. Além disso, diz a nota, é um hábito entre os comandantes de unidade 'aconselharem' seus subordinados. A instituição nega qualquer tipo de coação e diz desconmhecer as ameaças de prisões, os autos que seriam lavrados por uma juíza e os ônibus apontados como meio de transporte para os presos que insistissem em organizar manifestações.

Leia a nota íntegra:

Em relação aos questionamentos, a corporação tem a dizar o seguinte:

Surpreende-nos essa gravação. Qualquer comandante de Unidade, seja marítima ou não, deve realizar uma resenha(palestra) para seus subordinados, a fim de esclarecê-los, doutriná-los e capacitá-los, antes de assumirem seus respectivos postos de serviço. Não é de nosso conhecimento que exista qualquer coação por parte de seus comandantes, em nenhum momento, para qualquer tipo de postura de seus militares, como punição, ônibus, juíza ou similar.

Devemos ter sempre em mente que vivemos em um ambiente militar, sujeito a um regulamento disciplinar de uma corporação que completará 155 anos de existência, e que possui alicerces que se baseiam na Hierarquia e na Disciplina.

Quanto as vias de acesso aos superiores hierárquicos, elas devem atender o que preconiza tal regulamento, e a não atenção a ele poderá ser considerada trangressão militar, sujeito a punições que podem vir de uma simples repreensão verbal à prisão.

Finalizando, a Assessoria de Comunicação Social do CBMERJ é o órgão de assessoramento do Comandante-Geral da Corporação e, ainda, de controlar e coordenar as atividades de atendimento aos órgãos de imprensa, portanto os Comandantes das Unidades Descentralizadas, como é caso do TC BM Lessa, deverá se pronunciar, apenas em ocasiões, exclusivamente, operacionais.

– Enviado usando a Barra de Ferramentas Google"

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