quinta-feira, 21 de abril de 2011

Celebramos a vida de Jesus, não a sua morte

Jornal do Brasil
Antonio Xavier Batista


Aproxima-se a Páscoa, a festa mais importante para os cristãos. Memorial da paixão, morte e ressurreição de Jesus. Celebrar sua ressurreição significa celebrar sua vitória sobre as forças de morte, que ainda hoje são capazes de matar.

Todavia, antes de lembrar sua morte, é preciso lembrar sua vida. E se apenas tivesse vencido a morte sem ter vivido primeiro nenhum valor teria. Na vida de Jesus sempre se encontram muitos momentos que se parecem com os de nossa vida diária. Ele tinha amigos, até chorou na morte de um deles, participava de festas, como o vemos em Caná, onde transformou água em vinho, preocupava-se com os outros, preocupava-se com a segurança dos seus discípulos. Quando falava, falava aos corações.

Muitos, em seu tempo, encontravam paz em suas palavras e vida naquilo que ele propunha, e por isso o seguiam. Existem interpretações limitadas que somente falam do sofrimento de Jesus e não de suas alegrias. Mas, na verdade, Ele gostava de viver, não era alguém triste que desistia com facilidade das coisas, era movido por um amor apaixonado pelo Pai e pelas pessoas. Muitos tentaram colocá-Lo em contradição ou difamar de alguma forma seu nome, destruindo sua imagem, desmerecendo suas palavras, mas não era possível porque havia coerência entre seu falar e agir. Ele era autêntico em tudo. Mas isso não impediu que as autoridades de seu tempo O crucificassem. E assim morreu, naquela sexta-feira santa.

A origem primeira da festa é a passagem dos judeus que saíram do Egito, pelo Mar Vermelho, onde as águas se abriram na direção da liberdade da terra prometida. É Deus que interfere na história do homem, que converte a desilusão e a escravidão em liberdade. Também Jesus, ao ser ressuscitado dos mortos, nos faz atravessar da antiga à nova vida, nos faz um novo fermento para o mundo.

Muitos se questionam: se Jesus realmente salvou o mundo, então por que tanta dor e sofrimento? A resposta está na forma de salvação, no modo de Deus o fazer. Jesus não salva alguém simplesmente retirando-o do mundo e das situações difíceis que poderia viver, mas, pelo contrário, o salva para a vida, entrando em sua realidade mais íntima, modificando a vida a partir deste ponto. Começando pelo coração transforma tudo. Alguém que é salvo torna-se dom para o mundo ao seu redor, como o fermento na massa.

Jesus não nos doou a sua morte e sim sua vida, fez dela dom e oferta, para que ao recebê-la nos tornássemos dom. Toda vida humana é sempre marcada por desafios e quando olhamos para Jesus em sua paixão vemos que não se cresce evitando os desafios, mas enfrentando-os com humildade. Deus nos leva para dentro de nossas vidas e ali vence conosco. Viver dignamente é honrar a ressurreição de Cristo!

Em uma época tão marcada por crises e dificuldades, a Páscoa de Jesus, que celebramos, é uma mensagem extraordinária de esperança, o testemunho de que o bom fermento, se colocado na massa, pode ainda renovar e fazer crescer a vida e trazer o futuro de Deus, o paraíso, para o presente dos homens.

* Padre responsável pela Missão da Comunidade Canção Nova na Terra Santa


fonte: JB online

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