sábado, 2 de abril de 2011

Autistas iluminam Cristo Redentor de azul para cobrar mais atenção à causa

Jornal do Brasil
Paulo Marcio Vaz
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O mundo, ou parte dele, está mais azul que o normal a partir desta sexta-feira. No Brasil, o Cristo Redentor, no Rio de Janeiro; o Monumento às Bandeiras e o Viaduto do Chá, em São Paulo, e a Torre de Televisão, em Brasília recebem uma iluminação especial, enquanto espera-se que pessoas também saiam às ruas usando a cor que simboliza a luta contra o autismo, principalmente neste sábado, 2 de abril, data escolhida como o dia mundial da síndrome que avança a passos largos em número de casos no mundo. Nos EUA, por exemplo, o autismo já é considerado oficialmente uma epidemia, enquanto no Brasil, sequer há estatísticas oficiais de ocorrência de casos.

Na noite desta sexta-feira, políticos como o prefeito do Rio, Eduardo Paes, e o senador Lindberg Farias (PT-RJ) estiveram no Cristo Redentor, quando a iluminação azul passou a iluminar a estátua. Além deles, dezenas de pais de autistas também compareceram.
""Foi importante. Os políticos reconheceram que há um descaso com o autismo""

Por todo o mundo, monumentos como a Torre Eiffel (França), o Radio City Music Hall (EUA), a Ópera de Sydney (Austrália) e o Parlamento Húngaro também serão iluminados em azul para lembrar da importância de se investir em pesquisa e atendimento aos autistas.

Luta desigual

Apesar do aparente apoio das autoridades brasileiras à causa, pais de autistas ainda travam, praticamente sozinhos, uma grande luta contra a falta de estrutura e investimentos dos setores público e privado na prevenção e diagnóstico da síndrome no país. Instituições privadas ligadas à causa, formadas geralmente por familiares de autistas, alertam que sobram casos de crianças com os sintomas, enquanto faltam diagnósticos, tratamentos, legislação, informações, pesquisas e estatísticas.
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Pais de autistas e autoridades foram ao Corcovado para reforçar o compromiço com políticas públicas em prol dos portadores da síndrome. Fotos: Alvado Riveros/Jornal do Brasil

A bioquímica Mariel Mendes Lopes, da Universidade Federal Fluminense, é diretora da Associação em Defesa do Autista (Adefa). Presente ao Corcovado, apesar do atual cenário em relação ao autismo no Brasil, ela sai otimista do encontro com os políticos.

- Foi importante. Os políticos reconheceram que há um descaso com o autismo e se colocaram à disposição para iniciar um trabalho conosco, principalmente no sentido de criar políticas públicas adequadas para o diagnóstico e o tratamento do autismo.

Autismo x metais pesados
Mariel comanda uma pesquisa que investiga uma possível relação entre a presença de metais pesados no organismo e o desencadeamento da síndrome. Segundo ela, há indícios de que os metais tenham a ver com os fatores que agem para o aparecimento dos sintomas, mas não para a causa da doença. - Ainda é cedo para chegarmos a uma conclusão. Mas temos indícios de que um dos fatores que podem desencadear o autismo nas crianças é a presença de metais pesados no organismo. Os metais não causam a doença, mas acreditamos que o acúmulo dessas substâncias possa contribuir para que o processo se inicie.

O autismo não é uma doença, mas uma síndrome, já que os sintomas são multifatoriais e afetam diversos aspectos do organismo. Apesar de as causas ainda não terem sido descobertas, estudos recentes feitos no exterior já ligam o autisrmo a uma grave intoxicação do organismo por metais pesados, elementos presentes em diversos itens usados no dia a dia, que vão de utensílios de cozinha (panelas de ferro, alumínio e cobre, por exemplo) a alimentos e medicamentos. O autista tem extrema dificuldade para eliminar esses metais do organismo, e caso não faça uma dieta rigorosa desde os primeiros anos de vida, o aumento dos níveis dessas substâncias faz a intoxicação chegar ao cérebro.

Por isso, especialistas dizem que o diagnóstico precoce é fundamental para se evitar que uma criança possa ter seu quadro autístico agravado. O tratamento inclui evitar que o autista tenha contato com qualquer elemento – incluindo alimentos – que possa aumentar os níveis de metais pesados no organismo. No Brasil, geralmente os pacientes só são diagnosticadas como autistas depois que a síndrome já atingiu um nível mais grave, quando o grau de intoxicação já é extremamente alto.

Como o autista também apresenta grave intolerância ao glútem e à caseína - devido a complicações na flora intestinal - a tendência é que aqueles sem diagnóstico e tratamentoe apresentem reações com a simples ingestão de itens básicos como bicoitos, refrigerantes, alimentos com aditivos químicos, remédios e, em alguns casos, até vacinas, já que algumas delas contém metais pesados em sua fórmula.

Sintomas

Um aspecto importante no diagnóstico de autismo é que, aparentemente, todas as crianças nascem normais, e vão adquirindo os sintomas aos poucos, por volta dos 3 anos de idade. Entre as principais características do autismo estão a falta de interacão com o mundo exterior – inclusive com os próprios pais ­- a agressividade, a concentração excessiva em atividades isoladas e repetitivas, e até mesmo a autoagressão. Há inúmeros casos de crianças autistas que batem a própria cabeça, propositalmnte, contra as paredes.

Relatos de pais de autistas atestam que, a partir da adoção de uma dieta específica, isenta de glútem e caseína, já há uma grande melhora nos sintomas.

A dentista Josélia Louback, mãe de Arthur, de 7 anos, adota a dieta para seu filho.

"O Arthur melhorou muito depois que adotei a dieta. Mas, infelizmente, o diagnóstico dele foi tardio, e a intoxicação é grande, principalmente por bismuto", diz Josélia.




fonte:JB online
Jornal do Brasil
Paulo Marcio Vaz

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