09/04/2011 - 21:39 | Enviado por: Deborah Lannes
Não precisei ir muito longe para constatar o que eu já desconfiava. A turma do Bolsonaro é bem maior do que se imagina. Aqui mesmo no JB, pelos comentários dos leitores, é rápido ver isto. A maioria, com folga, apoia, aplaude e incentiva os pensamentos do deputado,que acha que filho gay é resultado de pai ausente, que é contra as cotas para negros e que "dar umas porradas" é o mais certo quando um filho é flagrado fumando maconha.
Neste sábado houve protesto em São Paulo, contra e a favor de Bolsonaro. Nas imagens pela TV, um cara fortão, de camiseta justa, cabeça raspada e tatuagens, parece chamar para a briga os "adversários". Temi pelo pior.
Eu poderia explorar os méritos das opiniões do deputado. Dizer, por exemplo, que as cotas são uma forma tímida de tentar reparar séculos de injustiça que negros sofreram. A dívida do homem branco, na verdade, é impagável. E não podemos friamente esperar de braços cruzados os rumos da história para que esta questão se resolva por si. Seria uma cínica e cômoda hipocrisia.
Eu poderia falar dos gays: achar que esta questão se resume à presença ou ausência dos pais é de uma mediocridade espantosa.
Mas o que realmente me preocupa é o aval que as opiniões do deputado podem dar à homofobia e ao racismo. Ao tecer seus comentários já amplamente divulgados por todos os meios de comunicação, Bolsonaro instiga, referenda e legitima atos que a sociedade tenta arduamente combater.
Ou vocês pensam que os machões da Avenida Paulista não se sentirão autorizados pela palavra de um parlamentar a arrebentar cabeças de gays com lâmpadas e pauladas? Ou que soldados não pensarão estar certos ao atirar contra homossexuais que julgarem estar em atitudes condenáveis? Ou que torcedores não vão inflar o peito para gritar "macaco" e atirar bananas na direção de jogadores "de cor"?
Deputado, pense nisso.
Sua responsabilidade não é apenas com seu eleitor, é com toda a sociedade.
fonte :jogo aberto-JB online
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