segunda-feira, 4 de abril de 2011
Chuvas deixam 6.389 famílias sem casa há um ano
Tragédia de abril de 2010 fez, no Rio e em Niterói, milhares de desabrigados que até hoje não conseguiram imóvel definitivo e ainda sofrem com atrasos do aluguel social
POR DIEGO BARRETO
Rio - Na próxima quinta-feira, terá passado um ano exato dos momentos de terror vividos pela aposentada Conceição Anselmo, 67 anos, quando deslizamentos causados pela chuva a fizeram deixar às pressas a casa humilde no Morro do Céu, vizinho ao do Bumba, Niterói. Desde então, com o imóvel interditado, Conceição não sabe até quando terá um teto bancado pelo aluguel social, que está três meses atrasado. A angústia é compartilhada por 3.200 famílias desabrigadas desde abril de 2010 em Niterói e outras 3.189 no Rio.
A tragédia fez 257 mortos no estado: 168 em Niterói, sendo 45 no Morro do Bumba. O DIA mostrou ontem que ao menos seis corpos não foram localizados no que hoje é chamado por vizinhos de cemitério do Bumba.
Conceição, 67 anos, na porta da casa que comprou um ano antes da tragédia. Ela ainda paga as mensalidades do imóvel, que está interditado | Foto: Fabio Gonçalves | Foto: Agência O Dia
“Estou com medo de ser despejada da casa que aluguei. Serei obrigada a voltar para área de risco”, diz a aposentada, que comprara a casa no Morro do Céu um ano antes do deslizamento. “A casinha custou R$ 11 mil, fiz dois empréstimos para comprar. Ainda tenho que pagar por mais cinco anos R$ 300 todo mês”, conta.
As donas de casa Rosa de Souza, 50, e Georgina Ferreira, 54, que tiveram imóveis condenados têm recorrido à ajuda de parentes. “A Prefeitura de Niterói sumiu com o nome da gente da lista do aluguel social. Estou sem receber. Não sei até quando terei onde morar”, diz Rosa.
No Rio, moradores do Morro dos Prazeres, em Santa Teresa, reclamam que indenizações prometidas para quem deixasse casas interditadas ainda não foram pagas. “Temos 19 famílias que ainda não foram atendidas pela prefeitura. Os moradores não chegam a acordo pois as indenizações são muito abaixo do valor de uma casa. Com o dinheiro, ou não compra nada ou compra em área de risco”, reclama a presidente da Associação de Moradores do Morro dos Prazeres, Eliza Rosa Brandão.
A Prefeitura de Niterói orienta moradores que não receberam o aluguel social a buscarem abrigo no 3º Batalhão de Infantaria, em Venda da Cruz. A do Rio informou que 50 famílias do Morro dos Prazeres estão em processo de negociação.
Nova moradia de frente para o Bumba
A Secretaria de Obras do Estado promete para junho a entrega de 180 apartamentos construídos em frente ao Morro do Bumba, em Niterói. As unidades habitacionais serão ocupadas por desabrigados da comunidade. Outras 5 mil moradias devem ser construídas em parceria entre estado e prefeitura. No Rio, a prefeitura promete 12.500 casas pelo programa ‘Minha Casa Minha Vida’ e outras 2.240 no ‘Morar Carioca’. Mais da metade dos imóveis será para moradores que saíram de áreas de risco.
Abrigados se queixam
Embora a Prefeitura de Niterói oriente desabrigados a procurar o 3º BI, as cerca de 500 pessoas que vivem no abrigo provisório reclamam das condições do local. O calor e a falta de privacidade estão entre os problemas. “A prefeitura nos esqueceu aqui. Nem visita de parentes podemos receber, as condições são péssimas”, diz morador que pede para não se identificar com medo de sofrer retaliações.
A prefeitura se defende, afirmando que no abrigo são oferecidas quatro refeições diárias, assistência de saúde e educação. Limpeza e manutenção são feitas por funcionários de órgãos do município.
fonte : O DIA online
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