sexta-feira, 25 de março de 2011

Ambulante motorizado na Zona Azul

Tânia Passos
taniapassos.pe@dabr.com.br
Edição de terça-feira, 22 de março de 2011



Pelas principais ruas do centro, o Diario flagrou comerciantes que ocupam vagas dos motoristas
A busca por espaço para o comércio informal nas ruas do Centro do Recife se reinventa nas mais diversas formas. Uma modalidade que vem crescendo a cada dia é a do ambulante motorizado, que usa as vagas de estacionamento da Zona Azul. É só pagar o tíquete, estacionar, expor a mercadoria e pronto. Está formado um novo ponto de comércio. Na maioria das vezes, eles vão além dos limites dos seus próprios carros. Também não há limites em questões básicas de segurança. Uma cena comum são botijões de gás, seja na calçada ou dentro do quadrado onde eles se sentem ´donos`. Há também aqueles que comercializam alimentos, sem as mínimas condições de segurança alimentar. O que dizer, por exemplo, de um carro com a mala carregada de pizza congelada, sem nenhum tipo de refrigeração, sob esses dias de sol escaldante?

A presença dos ambulantes motorizados nas vagas de estacionamento das ruas do Centro do Recife não é de agora. Ao contrário, vem se incorporando à cena urbana da cidade como um fato estabelecido e normal. Mas houve uma explosão nos últimos meses. Na esquina da Rua Marquês do Herval, no bairro Santo Antônio, encontramos a comerciante Rosilene Maria da Silva, 42 anos, vendendo lanche na mala do seu carro. A preocupação dela é chegar cedinho para não perder a vaga. ´Uma vez a gente teve que esperar o carro que estava na ´nossa` vaga sair. A gente explicou ao motorista que era o nosso ponto. Ele disse que não sabia. Para não ter problema a gente chega cedo`, revelou.

Segundo a comerciante, ela paga R$ 2 de Zona Azul para passar o dia no local. ´A gente paga a Zona Azul e tem também autorização da prefeitura`, afirmou. Na Rua das Calçadas, há oito anos a comerciante Solange Alves, 42 anos, traz de Olinda peças de roupas para vender no Centro do Recife. ´A gente chega às 6h por causa da vaga e fica até as 18h. Gasto R$ 10 de Zona Azul por dia`, afirmou.

Com o tíquete da Zona Azul garantido, o sentimento geral dos comerciantes é de não temer nenhum tipo de fiscalização. Em passagem pelo centro, encontramos ambulantes motorizados nas ruas da Concórdia, Palma, Tobias Barreto, Praia, Praça Dom Vital, Marquês de Herval e na Rua Joaquim Felipe, Boa Vista. Nessa última, mesmo sem funcionar, o carro fica ocupando uma vaga de estacionamento dia e noite. ´Eu acho um absurdo. A gente quer resolver um problema no centro e não há vaga para estacionar`, reclamou professor Ronaldo Vasconcelos, 45 anos.

Quem também se sente prejudicado são os comerciantes do setor formal. ´Não acho justo a gente pagar todos os impostos e uma pessoa estacionar o carro na frente da minha loja e vender só porque pagou a Zona Azul`, criticou um comerciante da Rua das Calçadas, que não quis se identificar.

Em nota, a Diretoria de Controle Urbano (Dircon) informou que a utilização de vagas de estacionamento da Zona Azul para o comércio informal é temporária. Ainda segundo a nota, dentro do processo de ordenamento desenvolvido pelo programa ´Recife Nosso Centro`, já foram iniciadas conversas com os comerciantes que estãoutilizando estes locais no sentido de liberar as vagas ocupadas e encontrar outros espaços para os mesmos. O procedimento já foi realizado nas ruas Sete de Setembro e Hospício e será aplicado em todas as vias que ainda irão receber as ações de ordenamento. A nota encerra sem dizer quando o problema será resolvido.


fonte :Diário de Pernabuco

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