Visita ilustre
Publicada em 14/03/2011 às 23h19m
Vera Araújo e Antônio Werneck
A Cinelândia, no centro do Rio, será palco do discurso público de Obama no próximo domingo/Foto de Marcos Tristão
RIO - Embora o esquema de segurança do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, durante a visita ao Rio, esteja sendo guardado a sete chaves, pelo menos uma coisa é certa: além do discurso na Cinelândia , ele conhecerá de perto a Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Cidade de Deus, que contará com o triplo do efetivo normal no próximo domingo. Após a visita à favela, Obama falará ao povo na Cinelândia, palco de manifestações históricas no Centro do Rio. ( Leia também: Barack Obama será recebido ao som de samba, funk e axé na Cidade de Deus )
Além dos 200 policiais da UPP, centenas de homens dos Batalhões de Operações Especiais (Bope) e de Choque darão apoio aos 80 agentes federais e à segurança pessoal do presidente na Cidade de Deus. Haverá um reforço de peso, com o uso de tanques das Forças Armadas, a exemplo do que ocorreu durante a Rio 92 (Conferência Mundial de Meio Ambiente).
O número total do efetivo destinado à segurança de Obama ainda não foi definido. De acordo com o roteiro traçado pelo cerimonial americano, ele vai gastar cerca de uma hora na Cidade de Deus. O presidente chegará de helicóptero ao Aeroporto de Jacarepaguá, de onde sairá em direção à favela num veículo blindado. No trajeto, as ruas serão interditadas, o que permitirá que o presidente e sua comitiva levem menos de dez minutos até a favela. O espaço aéreo na região por onde ele passar permanecerá fechado, enquanto embarcações da Marinha cuidarão da vigilância da costa do Rio.
Agentes do FBI escolhem favela
A única parada de Obama na Cidade de Deus será num campo de terra batida, nos fundos da Central Única das Favelas (Cufa), em frente a um valão, onde ele assistirá a apresentações de capoeira e de percussão. A Cidade de Deus venceu a disputa para receber a visita. Entre os concorrentes, os morros Dona Marta, em Botafogo, e Chapéu Mangueira, no Leme. Este última tinha o apelo sentimental, uma vez que a favela foi cenário do filme "Orfeu Negro", do cineasta francês Marcel Camus, lançado em 1959. A mãe de Obama, Stanley Ann Dunham, ficou fascinada pela obra, como o próprio Obama revelou em sua autobiografia "A Origem dos Meus Sonhos". Depois de visitas de agentes do FBI às favelas, eles optaram pela Cidade de Deus.
Na Cidade de Deus, funcionários da Prefeitura correm atrás do tempo para tapar buracos nas ruas da comunidade/Foto de Marcos Tristão
O presidente ficará dois dias no Brasil, chegando em Brasília no sábado, dia 19, onde se reunirá com a presidente Dilma Rousseff, e, em seguida, partirá para o Rio. Ele deixa o país na manhã de segunda-feira. Mas foi a estada dele no Rio que causou polêmica entre as autoridades brasileiras e americanas, que definiam seu esquema de segurança. Eles se reuniram nesta segunda-feira no Itamaraty a fim de decidir os locais onde ele passaria com a família. O primeiro ponto de discórdia foi o hotel escolhido pela equipe do presidente: o Sheraton, em São Conrado. Autoridades brasileiras chamaram a atenção para o fato de as favelas da Rocinha e Vidigal - esta última em frente ao hotel - não estarem pacificadas e servirem de esconderijos para bandidos que fugiram dos complexos do Alemão, em Ramos, e da Vila Cruzeiro, na Penha.
O segundo ponto de discórdia foi a Cidade de Deus. Os brasileiros sugeriram que Obama sobrevoasse o Dona Marta, em vez de se expôr numa favela onde, apesar de pacificada, ainda há tráfico de drogas. Mas a última palavra foi dos americanos. Sobraram para as Forças Armadas cuidar do trajeto.
Agentes americanos, responsáveis pela segurança do presidente, usarão pistolas e coordenarão tudo ao redor de Obama. Também próximo ao presidente, estarão os federais brasileiros; e, numa terceira zona, ficarão militares das Forças Armadas e da PM. Todo o efetivo do Núcleo de Segurança de Dignitários (NSD) da Delegacia de Ordem Institucional (Delist) da Polícia Federal no Rio foi mobilizado. Um grupo de 30 homens do Comando de Operações Táticas (COT), tropa de elite da PF de Brasília, chegará esta semana ao Rio.
fonte: O GLOBO
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