quinta-feira, 23 de junho de 2011

Cesar Maia classifica como 'fracasso gerencial e político' gestão de Paes

Redação SRZD | Rio+ | 22/06/2011 10h15

Foto: DivulgaçãoO ex-prefeito Cesar Maia fez críticas ao trabalho do atual gestor da capital fluminense, em seu ex-blog, nesta quarta-feira. Ele classificou a Prefeitura do Rio de Janeiro como "um enorme fracasso gerencial e político".

Maia afirmou que o fracasso político seria desdobrado em quatro planos. O primeiro a perseguição aos servidores públicos e aos seus direitos, o segundo usar a repressão como bandeira de propaganda. Segundo ele, o choque de ordem produz um aumento da desordem e a humilhação dos mais pobres.

Ainda de acordo com o ex-prefeito, a atual administração municipal também teria uma "ânsia pela privatização" que afetaria os setores da educação e da saúde pública. Além disso, Maia criticou a gestão operacional.

Ele afirmou que existe um "desespero juvenil pela em produzir notícias e imagens para a imprensa, vão se sucedendo projetos os mais diversos, com croquis coloridos, nunca executados, como o fechamento da Avenida Rio Branco, o viaduto saindo do viaduto da Paulo de Frontin, teleféricos, equipamentos de todos os tipos, projetos para a área da rodoviária, etc."

O antecessor de Eduardo Paes ainda apontou que área de urbanismo estaria completamente abandonada, bem como prometeu analisar outros setores nas próximas edições do Blog.

Confira a íntegra da publicação


PREFEITURA DO RIO: UM ENORME FRACASSO GERENCIAL E POLÍTICO!

1. Com dois anos e meio de gestão, faltando apenas 1 ano até o início da campanha eleitoral, o que se vê é um enorme fracasso político e gerencial. Deslumbrado com o volume de recursos em caixa, que fazem parte da rotina da prefeitura do Rio desde 1994, a partir do ordenamento da gestão fiscal, que permitiu a prefeitura elevar para pelo menos 10% das receitas constitucionais seus investimentos por mandato, e transferir aos governos seguintes quase toda a receita do IPTU, como assinalou a presente administração na primeira semana de governo em 2009, informando que havia em caixa, disponíveis para o gasto, 1,2 bilhão de reais, na capa do Globo.

2. O fracasso político se desdobra em 4 planos. O primeiro é a perseguição aos servidores e seus direitos. Em geral, economistas que vêm do mercado financeiro sem ter tido experiência no setor público carregam preconceito contra o setor público e cometem este equívoco. Fazem uma curva ABC de despesas e focam na maior despesa que é a de pessoal. As funções precípuas dos governos são realizadas por servidores e não por máquinas e, por isso, as despesas de pessoal devem ser a maior rubrica de todas. A atual administração não entendeu que servidor é capital e não custeio. Lacerda, por experiência própria, quando atrasou os salários em junho de 1965, afirmava que, no Rio, ninguém vence eleição contra os servidores públicos.

3. O segundo fracasso político é a utilização da repressão como bandeira de propaganda. Entre 1993 e 2008 o número de ambulantes na cidade do Rio caiu de 65 mil para 16 mil com crachás, e 1.000 "paraquedas". Agora são 18.500 com crachás e 1.500 "paraquedas". O número da população de rua, permanentemente levantado, dobrou, passando de 2 mil para 4 mil em dois anos. A repressão pela repressão é intimidação, o que leva, inexoravelmente, à corrupção, à extorsão. O choque de ordem, aplicado dessa forma, tem produzido como resultado o aumento da desordem e a humilhação dos mais pobres.

4. A ânsia pela privatização afeta a educação pública e a saúde pública, entrando na ilusão da euforia pelas terceirizações, mais caras e menos produtivas. As OSs, na Saúde, com gastos de 538 milhões de reais, por dados oficiais da prefeitura (entre fins de 2009 e início de maio de 2011), é prova cabal disso. E, na educação pública, a utilização de fundações e institutos privados como forma de substituir o magistério, se transformou num desesperado esforço de treinamento dos alunos para ver se conseguem algum aumento no IDEB em 2012. Mas, assim mesmo, só apresentam as provas de treinamento para os alunos que atravessaram os testes preparatórios.

5. Finalmente, a gestão operacional. Num desespero juvenil em produzir notícias e imagens para a imprensa, vão se sucedendo projetos os mais diversos, com croquis coloridos, nunca executados, como o fechamento da Avenida Rio Branco, o viaduto saindo do viaduto da Paulo de Frontin, teleféricos, equipamentos de todos os tipos, projetos para a área da rodoviária, etc., às centenas. Ganham espaço e publicidade e nada acontece.

6. Enquanto isso, os serviços públicos vão perdendo eficiência pela improvisação e uso de cabos eleitorais na gestão. Todos os problemas de conservação -produto da concentração de investimentos no PAN 2007, depois superados em 2008- são hoje nada, perto do desmonte dos sistemas profissionais na área viária cujo maior exemplo é a sistemática falta de limpeza dos bueiros, acarretando enchentes com qualquer chuvinha, a iluminação pública que se agrava a olhos vistos -apesar da criação da taxa de iluminação, cujos mais de 100 milhões de reais não se vê onde estão aplicados- o volume de asfalto aplicado que caiu a menos da metade, segundo informam os servidores, etc. A limpeza urbana está declinante a olhos de ver e a interrupção dos garis comunitários deixou as favelas ao abandono.

7. E, finalmente, a área de urbanismo, completamente abandonada. Todos os dias surgem projetos e seus croquis, e aprovam-se leis para a euforia do setor imobiliário. Urbanismo, como intervenção no espaço urbano para a qualificação da relação entre as pessoas e os espaços, rigorosamente, nada acontece. E vamos ficando por aqui. Em outro Ex-Blog agregaremos outros setores à análise.


fonte :Redação SRZD

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