POR VANIA CUNHA
Rio - Muito além de investigações e operações, a Polícia Federal recorre à ciência como grande aliada no combate ao tráfico. Dentro de um laboratório equipado com a mais moderna tecnologia, peritos analisam amostras das toneladas de drogas apreendidas anualmente pelos agentes e garantem o sucesso na conclusão de inquéritos e pedidos de prisão de suspeitos. No Núcleo de Criminalística (Nucrim), localizado na Praça Mauá, já foram feitos exames de material recolhido nas mais bem-sucedidas ações realizadas no estado, como a retomada dos complexos do Alemão e da Penha, em novembro. E constataram: os papelotes contém pequena quantidade da droga, misturada a substâncias como cafeína, cal, éter e, até mesmo, cimento.
As amostras que chegam ao laboratório passam por uma análise preliminar, que atesta se o produto tem a possibilidade de ser ou não entorpecente. Os peritos entram em cena para fazer a avaliação mais aprofundada do material. “Nossos equipamentos comparam as amostras com o banco de dados, mas muitas vezes, a experiência do perito atesta substâncias que nem a máquina consegue identificar”, explica a perita Ana Luiza Oliveira.
Pelos tubos de ensaio do laboratório, passam os mais diversos tipos de substâncias para serem avaliadas, como remédios, combustíveis e bebidas alcoólicas. Mas a especialidade dos peritos está na descoberta das mais diversas misturas feitas por traficantes para compor as drogas. E haja trabalho: de janeiro a abril, a Polícia Federal apreendeu quase 800 quilos de maconha. Ano passado, bateu a primeira e a terceira colocações no ranking nacional de apreensão de drogas sintéticas.
Equipamentos semelhantes a de filmes americanos
A aparelhagem disponível no laboratório do Nucrim é igual à que aparece nos seriados sobre perícia criminal da TV americana. Um cromatógrafo a gás acoplado a um espectrômetro de massa, por exemplo, separa moléculas para identificar a substância. O equipamento, avaliado em R$ 400 mil, é tão sensível, que pode analisar o material até mesmo pelo cheiro.
Outro equipamento que faz parte da rotina dos peritos federais é um aparelho com infravermelho, que emite ondas da luz capazes de avaliar a substância com apenas poucos grãos.
Na cocaína, apenas 10% da droga
As análises apontam que as drogas apreendidas no Rio de Janeiro são, em sua maioria, uma grande mistura de substâncias que provocam sérios danos ao organismo do usuário. “Já analisamos casos em que, num papelote que o traficante chamava de cocaína, havia menos de 10% da droga”, recorda a perita Ana Luiza.
Testes revelam que o tão falado oxi não seria uma nova superdroga, e sim a cocaína misturada com oxidantes como água oxigenada ou permaganato, para ficar branca. Já o crack possui índices maiores de cocaína do que o papelote vendido em favela.
fonte : O DIA online
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